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Relações familiares: Como identificar e ajudar adolescentes que sofrem de ansiedade?

A ansiedade é uma questão crescente no Brasil, especialmente entre os jovens. Mas como identificar quando a ansiedade ultrapassa os limites da normalidade? O que diferencia a ansiedade natural da adolescência de um problema de saúde mais sério?

Como os pais podem ajudar seus filhos e qual deve ser o papel da escola nesse cenário? Para explorar essas questões, conversamos com a psicanalista Vera Iaconelli, autora do livro Manifesto Antimaternalista. Além de escritora, Vera é colunista e especialista em relações familiares, parentalidade e adolescência.


O impacto da ansiedade na adolescência

A adolescência é, por si só, um período de intensas mudanças emocionais, sociais e biológicas. É natural que os jovens vivenciem momentos de ansiedade ao lidar com desafios como a construção de sua identidade, a pressão acadêmica e a socialização. No entanto, a ansiedade patológica vai além de uma simples preocupação. Ela pode se manifestar de forma constante e avassaladora, prejudicando a vida cotidiana do adolescente.

Os sintomas de ansiedade em jovens podem incluir:

  • Dificuldade para se concentrar nas aulas.
  • Insônia ou problemas de sono.
  • Irritabilidade ou explosões de raiva.
  • Fadiga constante.
  • Sensações físicas como dor de cabeça, tensão muscular ou falta de ar.
  • Comportamentos de evitação, como recusar-se a ir à escola ou socializar.

Esses sinais podem passar despercebidos pelos pais, principalmente em uma fase em que os adolescentes tendem a buscar mais privacidade e independência.

Opinião sobre o tema:

É essencial que pais e responsáveis abandonem preconceitos em relação à saúde mental e estejam abertos a discutir esses tópicos com seus filhos. Muitas vezes, a ansiedade é vista como “drama” ou “frescura”, o que apenas agrava o isolamento do adolescente. A empatia e o diálogo são ferramentas poderosas.


Diferença entre ansiedade normal e patológica

Uma certa dose de ansiedade é esperada em situações desafiadoras, como provas escolares ou apresentações. Contudo, quando a ansiedade se torna desproporcional, frequente e interfere nas atividades diárias, pode ser um sinal de transtorno de ansiedade.

Como identificar a diferença?

  1. Frequência e intensidade: Preocupações normais são passageiras, enquanto na ansiedade patológica os medos são constantes e intensos.
  2. Impacto na rotina: Se o jovem evita compromissos ou não consegue realizar tarefas básicas, é hora de procurar ajuda.
  3. Mudanças bruscas de comportamento: Isolamento extremo, alterações de humor e desinteresse por atividades que antes traziam prazer podem indicar algo mais grave.

Como ajudar adolescentes com ansiedade

O papel dos pais e da escola é crucial na identificação e no enfrentamento do problema. Abaixo estão algumas estratégias práticas:

1. Promova um ambiente acolhedor e seguro

Os adolescentes precisam sentir que podem expressar suas emoções sem medo de julgamento. Demonstre que você está disponível para ouvir e ajudar, mesmo que eles não queiram falar imediatamente.

2. Observe e escute

Muitas vezes, os sinais de ansiedade se manifestam de forma sutil. Esteja atento ao comportamento do seu filho e tente perceber mudanças que podem indicar sofrimento emocional.

3. Incentive hábitos saudáveis

Uma boa alimentação, sono regular e atividades físicas são fundamentais para a saúde mental. Atividades como yoga ou meditação também podem ajudar a reduzir os níveis de estresse.

4. Limite o uso de telas

O tempo excessivo nas redes sociais pode contribuir para a ansiedade, especialmente quando os jovens se comparam constantemente aos outros. Ajude seu filho a encontrar um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia e outras atividades.

5. Considere a ajuda de um profissional

Se os sintomas persistirem ou se agravarem, procure um psicólogo ou psiquiatra especializado em adolescentes. A terapia pode ser um espaço seguro para o jovem explorar suas emoções e aprender estratégias para lidar com a ansiedade.

Minha opinião sobre o papel dos pais:

Pais precisam ser o porto seguro dos adolescentes, mas também devem reconhecer seus próprios limites. Aceitar que ajuda profissional é necessária não é sinal de fracasso, mas sim de cuidado e amor.


O papel da escola no combate à ansiedade

A escola é um espaço central na vida dos adolescentes e pode ser tanto uma fonte de estresse quanto de apoio. Por isso, as instituições educacionais precisam adotar medidas que promovam o bem-estar emocional de seus alunos.

1. Treinamento para professores

Os professores devem ser capacitados para identificar sinais de ansiedade e lidar com eles de forma adequada. Isso inclui criar um ambiente acolhedor em sala de aula e evitar práticas que aumentem a pressão sobre os estudantes.

2. Iniciativas de saúde mental

Programas de conscientização e suporte psicológico podem fazer a diferença. Oficinas, palestras e grupos de apoio são exemplos de ações que ajudam os alunos a se sentirem mais amparados.

3. Redução da carga de estresse

A carga acadêmica excessiva é uma das principais causas de ansiedade. As escolas devem avaliar formas de equilibrar o rigor acadêmico com o bem-estar emocional dos estudantes.


A importância do diálogo

O diálogo aberto e sincero sobre saúde mental é essencial para combater o estigma e incentivar os adolescentes a buscarem ajuda. Além disso, é importante lembrar que a ansiedade não é uma falha de caráter, mas uma condição que pode ser tratada com o suporte adequado.

Conclusão:

Investir em saúde mental é investir no futuro. Ao criar uma rede de apoio que envolve família, escola e profissionais de saúde, podemos ajudar os adolescentes a superar a ansiedade e desenvolver habilidades para enfrentar os desafios da vida com resiliência e confiança.

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